Há um tempo, os jovens e, até mesmo, os adultos costumavam escolher suas profissões a partir daquilo que havia sido exercido pelos seus pais durante toda a vida. Hoje, felizmente, esse cenário mudou, e os nossos adolescentes têm a oportunidade de decidir por aquelas profissões que têm mais a ver com eles. No entanto, essa escolha passa principalmente por uma boa orientação vocacional e profissional.
Como muita gente ainda não tem clareza sobre esse assunto, queremos ajudá-lo a entender melhor qual é a diferença entre orientação profissional e vocacional, qual é o papel da escola nesse sentido e muito mais! Você topa? Então aproveite a leitura!
Qual é a diferença entre orientação profissional e vocacional?
A orientação vocacional pode ser assim chamada quando se referir aos aspectos pessoais que direcionam uma pessoa para determinados interesses, normalmente acompanhados de aptidões natas. Você já teve a chance de estar com uma criança que tem uma grande habilidade comunicativa ou um talento para os esportes, por exemplo?
Esses traços acompanham alguns indivíduos desde muito cedo e, se bem trabalhados, podem se transformar na sua carreira no futuro. Para isso, é fundamental que essa criança ou adolescente receba todo o apoio necessário para desenvolver autoconhecimento sobre seus potenciais e preferências, e também que tenha a oportunidade de entrar em contato com profissionais da área.
Essa última etapa já pertence ao que é chamado de orientação profissional, que é quando uma pessoa começa a trabalhar sua segurança e confiança para seguir determinada profissão, considerando aspectos pessoais, familiares, sociais, financeiros etc.
Resumindo: a orientação vocacional é o que vai ajudar uma pessoa a entender quais são as suas vocações, qual é o seu perfil, quais são as suas áreas de interesse e em qual área, potencialmente, ela vai se desenvolver melhor. Já a orientação profissional é o que vai colocar essa mesma pessoa em contato com a realidade daquela carreira, explicando os caminhos para que ela escolha a sua trajetória.
Qual é o papel da escola na orientação vocacional e profissional?
A escola tem um papel importante tanto na orientação vocacional quanto na profissional. Primeiro, é necessário entender que o ambiente onde a criança recebe educação é aquele que vai colocá-la em contato com contextos diferentes dos seus. Isso pode despertar interesses e habilidades que talvez nem ela mesma soubesse que tinha.
Logo, é fundamental que a instituição de ensino consiga prestar um trabalho de suporte e observação do desenvolvimento dessas aptidões, o que futuramente pode ser muito útil. Isso é o que dará início ao processo de descoberta e orientação vocacional dos pequenos, principalmente daqueles que têm dúvidas sobre as suas preferências pessoais.
Em fases diferentes do desenvolvimento de uma criança ou mesmo de um adolescente prestes a fazer uma prova de vestibular, por exemplo, é importante que eles sejam colocados em contato com realidades e profissões distintas, especialmente para que possam fazer a melhor escolha. Quer um exemplo? Talvez a carreira de jogador de futebol seja um grande sonho almejado por meninos e meninas na infância e, até mesmo, na adolescência. O dinheiro, o prestígio e a oportunidade de trabalhar “brincando” podem soar bastante sedutores, mas nem todo mundo olha para o outro lado da coisa:
- Será que todos estão dispostos a abrir mão de estar perto da família e do tempo de lazer para se preparar para essa carreira?
- Mesmo com toda essa preparação, todos estão aptos a alcançar um ótimo desempenho a ponto de se tornarem profissionais?
- O sonho é tão grande a ponto de valer todo o esforço físico, o cansaço, a exaustão e as restrições que a carreira exige?
- Quem realmente quer viver de futebol conhece o lado dos profissionais dessa área que não atingiram tanto sucesso a ponto de estar nas primeiras divisões ou maiores campeonatos?
Nenhuma dessas perguntas deve servir para desanimar os jovens, em qualquer que seja a profissão. A intenção é realmente fazer com que eles entendam todas as vertentes das carreiras, pensando nos atrativos, mas também nas dificuldades e nos pontos baixos.
Quais são os benefícios dessas orientações para os alunos?
Essas orientações podem servir como um divisor de águas entre o que o aluno quer hoje e a educação que ele vai receber ao longo de toda a sua trajetória de formação. Se, mesmo quando confrontar a realidade de uma profissão que ele quer muito seguir, ele decidir ir em frente, então é hora de traçar um plano!
1. Autoconhecimento
O primeiro grande benefício obtido pelos processos de orientação vocacional e profissional é que os estudantes passam a se conhecer melhor. Os diversos instrumentos aplicados durante as entrevistas visam mapear o seu perfil de competências natas e, de repente, o que era só uma “facilidade em matemática” se torna parte do seu perfil analítico, por exemplo.
Os jovens conseguem entender melhor quem eles são e o que têm a oferecer naturalmente para o mundo e para a sociedade à sua volta. É claro que ele precisará se preparar tecnicamente, fazer uma faculdade, adquirir experiência e se especializar, mas saber que está no caminho certo já é uma grande coisa.
Há um tempo, isso sequer existia. Era natural que os jovens seguissem a profissão dos pais e, apenas depois de muitos anos, descobrissem que não eram felizes com ela. Hoje, no entanto, essa história não precisa mais se repetir.
2. Mais tranquilidade na escolha
A fase de vida em que os adolescentes são submetidos à escolha profissional costuma ser bastante turbulenta. Muitas mudanças físicas, psicológicas e emocionais estão aflorando ao mesmo tempo. E, com isso, pode ser mesmo difícil ter clareza de qual é a melhor profissão a seguir.
Por isso, a orientação vocacional e profissional pode servir como uma luz no fim do túnel, facilitando essa decisão e até atribuindo mais tranquilidade em relação a ela.
3. Conhecimento das motivações
A adolescência ainda é um período da vida em que os jovens estão mais preocupados com o que eles querem do que o que o mundo quer para eles. Por isso, é fundamental aproveitar esse desejo genuíno para fazer uma escolha alinhada ao perfil de cada um.
Depois de um tempo, quando adultos, as vontades pessoais já começam a ser moldadas por diversos outros fatores, como:
- pressão familiar por um bom emprego;
- necessidade de se sustentar ou sustentar uma casa;
- competição com os irmãos ou colegas de trabalho etc.
Essas podem ser chaves perigosas para a insatisfação. É claro que nenhum trabalho é perfeito, mas escolher uma profissão que faça os jovens se sentirem felizes já aumenta muito as suas chances de obter sucesso. Isso porque a sua motivação será natural para solucionar problemas, aprender e se aperfeiçoar.
4. Compreensão das profissões
Ainda que, ao final do processo, seja necessário escolher uma única profissão, a orientação ajuda a conhecer melhor várias carreiras diferentes, entender a jornada de formação, descobrir quanto um profissional pode ganhar e muito mais. Isso ajuda a quebrar aquela visão genérica sobre algumas atividades.
Por exemplo, todo mundo sabe que um médico ganha bem, mas nem todos estão atentos ao fato de que é preciso estudar muito para ser um médico. E, além disso, será preciso aprender a lidar com questões complexas, dar más notícias às pessoas, ter que remediar situações incuráveis e assim por diante. Em outras palavras, essa é uma decisão muito mais do que financeira.
O mesmo vale para inúmeras outras profissões taxadas por estereótipos que se popularizaram, mas que, em essência, são muito mais do que parecem ser. A ideia aqui é não se iludir com o que falam, e sim conhecer cada situação e entender se ela se encaixa no seu perfil.
5. Mais ambição
Aqui não estamos falando de ambição financeira e nem de poder, mas de realmente realizar muito mais do que o básico e fazer a diferença no mundo. Muitos jovens encaram a sua futura profissão como uma forma de ganhar dinheiro. Mas e se, além disso, ela pudesse ser uma maneira de ganhar conquistas e realizações muito mais profundas?
Basta pensar em algo que gostava muito de fazer quando era jovem e no quanto aquilo desafiava você. Vamos lá… Pode ser matemática, esportes, artes, biologia, qualquer coisa. Quando entramos em contato com aquilo de que gostamos, nunca sabemos o suficiente. Sempre existem maneiras de ir além.
Esse é o espírito que o mercado precisa, em todas as profissões. Só que, para isso, é fundamental que os jovens reconheçam o que é essa fagulha acesa dentro deles, que faz com que eles queiram ser sempre melhores ou aprimorar ainda mais o que fazem.
Como elas podem ser feitas na escola?
Essas orientações podem começar com um teste de aptidão, por exemplo. Mas é importante que elas transpassem essa barreira e consigam visualizar outros aspectos relacionados às características e personalidades de cada estudante.
Então, no início, são aplicados instrumentos a fim de entender melhor quais os principais interesses profissionais de um estudante. Depois, são selecionadas profissões disponíveis no mercado que podem se encaixar nesse perfil.
Tudo isso é feito por um profissional especializado, um psicólogo especialista nessa função. Assim, ao final desse primeiro ciclo, existirão algumas possibilidades à disposição do aluno para que ele as conheça melhor.
Em alguns tipos de orientação, por exemplo, o profissional responsável pelo processo propõe ao estudante conhecer o dia a dia de alguém que atua na área ou função que ele escolheu para ter uma vivência mais realista das atividades. Isso é fundamental para compreender os aspectos positivos e negativos da escolha.
Além disso, os adolescentes passam por várias sessões de aconselhamento, que servem tanto para discutir a respeito das suas características pessoais e personalidade quanto sobre o mercado de trabalho, as qualificações necessárias e os eventuais planos de carreira que podem ser traçados. Nesses encontros, também são abordados:
- aquilo que o estudante gosta de fazer;
- as atividades com as quais ele tem mais facilidade;
- o que ele imagina para o seu futuro;
- aquilo que ele sabe fazer, gostando mais ou menos.
Além disso, é fundamental esclarecer que, apesar de ter mais facilidade em determinadas tarefas, todos precisamos abrir o leque de aptidões. Portanto, mesmo que um estudante seja fissurado em TI e seja muito bom passando horas em frente às telas, ele também precisará aprender a ter uma comunicação interpessoal eloquente se quiser liderar equipes, por exemplo.
Qual é a melhor época para fazer essa orientação?
Depois de concluir o Ensino Médio, os estudantes devem se preparar para prestar a prova do vestibular e se inscrever em um curso superior. Portanto, essa é a fase em que uma jornada se encerra e outra se inicia.
Então, a melhor época para passar pela orientação profissional e vocacional é mesmo nessa fase de preparação para o vestibular. Afinal, ela vai ajudar o estudante a escolher as suas áreas de maior interesse, além de guiar os primeiros passos da sua formação. Assim que escolher qual é a melhor carreira para seguir, o estudante já terá condições de planejar os seus próximos passos, como a graduação, os cursos livres de apoio, o aprendizado de novos idiomas, o investimento em uma pós ou mestrado e até a inscrição para programas de estágio, treinamentos ou pesquisa.
Qual é o profissional indicado para fazer isso?
O profissional mais indicado para dar conta desse processo de orientação é mesmo o psicólogo. Isso porque ele tem acesso a uma série de técnicas e ferramentas que vão facilitar a abordagem com o aluno e ainda conduzir a autodescoberta de cada um. Além disso, ele pode trabalhar em conjunto com outros profissionais do corpo pedagógico para planejar as ações de apoio desse processo, como:
- visitas a universidades;
- entrevistas com profissionais de diversos segmentos;
- visitas a empresas, laboratórios, clínicas etc.;
- palestras;
- entre outros.
Como você viu, tanto o processo de orientação vocacional quanto o profissional são fundamentais para dar ao estudante uma nova perspectiva para o seu futuro. Com esse apoio, eles poderão tomar decisões mais acertadas, conhecendo a realidade de várias profissões, deixando de lado a escolha às cegas.
Você gostou deste artigo? Então agora que você já está por dentro das diferenças entre orientação vocacional e profissional. Veja 8 dicas para ajudar seu filho nessa fase do pré-vestibular!