“Meu filho não gosta de estudar, o que devo fazer?”
Essa é uma pergunta que muitos pais fazem ao perceberem o baixo desempenho escolar dos filhos. Porém, outras preocupações também surgem, como o medo do desinteresse pelos estudos ou até mesmo aversão dos filhos a tudo o que envolve o aprendizado.
Em uma situação assim é comum surgirem preocupações quanto ao futuro das crianças e dos adolescentes. Além disso, as incertezas sobre as causas desse tipo de comportamento e, em especial, o que pode ser feito para mudá-lo também são recorrentes.
Pensando nisso, preparamos um post para discutir o assunto. Iremos abordar as razões mais frequentes que fazem a criança não gostar de estudar. Além disso, iremos trazer algumas dicas de ações que os pais podem adotar em casa. Acompanhe e leia tudo com atenção!
Quais os principais motivos para o comportamento de rejeição aos estudos?
Há várias razões que são capazes de interferir na relação da criança com os estudos. Algumas podem ocorrer de forma individualizada. Ou seja, por conta das particularidades e preferências do estudante. Já outras ocorrem de forma externa ao seu filho, sendo geradas dentro do lar ou na escola.
Por isso, é necessário não só observar o comportamento dele e o ambiente em volta, mas também construir um canal de diálogo. Assim, você entende, sem julgamentos, cobranças e pressões, o que está acontecendo e como pode ajudá-lo. Abaixo, confira alguns dos principais motivos:
- Dificuldades na aprendizagem infantil: por haver um maior interesse pessoal em um determinado conteúdo, enquanto há um desinteresse em outro;
- Problemas domésticos: brigas em casa, processo de separação, perdas de parentes entre outras situações do tipo estão afetando o seu filho;
- Bullying (ou cyberbullying): a criança ou adolescente é vítima dessa prática ou tem presenciado situações do tipo (em que há crianças sem limite). O bullying afeta o seu emocional e psicológico, levando-o a perder o interesse nas atividades do colégio;
- Má adaptação escolar: a criança mudou de turma, turno de aulas ou mesmo de instituição. Dessa forma, não conseguiu se acostumar com essa nova rotina e isso se reflete no desempenho escolar.
Quais questões psicológicas ou cognitivas podem estar envolvidas?
Antes de tudo, é importante entender que também há razões cognitivas ou psicológicas envolvidas na falta de proximidade com os estudos. Logo, conhecê-las ajuda você a identificar corretamente os sinais e a buscar ajuda especializada ainda cedo.
Dessa forma, é possível promover uma relação com os estudos mais positiva. Além disso, uma maior qualidade de vida e autoconhecimento sobre os diferenciais que fazem parte da realidade da criança ou do adolescente. Veja, abaixo, quais são essas questões!
Transtornos do neurodesenvolvimento
Os transtornos do neurodesenvolvimento são uma série de problemas que aparecem ainda na fase da infância e permanecem ao longo da vida. Alguns exemplos são:
- Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade;
- Transtorno do Espectro Autista;
- Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação;
- Atraso Global do Desenvolvimento;
- Transtorno da Linguagem.
Eles trazem diferentes disfunções cognitivas que envolvem a expressão de sentimentos, a inteligência, a comunicação e/ou habilidades sociais.
E é justamente por afetar a cognição — que é a capacidade humana de conhecer, perceber e entender o mundo ao redor — que se torna inevitável que a criança ou o adolescente acabe lidando com alguns prejuízos no aprendizado e na vida escolar.
Esses prejuízos podem ter três níveis de impacto: leves, moderados ou graves. Quem afirma isso é o 5º Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, material internacional desenvolvido pela Associação Americana de Psiquiatria para avaliação, identificação e tratamento de problemas mentais.
Transtornos específicos de aprendizagem
O mesmo documento que citamos há pouco traz uma sessão dentro dos transtornos do neurodesenvolvimento que é chamada de transtornos específicos da aprendizagem.
Eles estão nessa categoria porque trazem disfunções que afetam em particular as habilidades necessárias para o ensino e a aprendizagem. É o caso da escrita, da leitura, da compreensão textual, da resolução de contas e/ou do raciocínio matemático. São seis ao todo: Dislexia, Disfasia, Dispraxia, Disortografia, Disgrafia e Discalculia.
Transtornos mentais
Além dos tipos de transtornos já citados, é possível que tanto crianças quanto adolescentes desenvolvam também transtornos mentais que afetem o humor, o estado emocional, o sono, a disposição e a própria alimentação.
Entre os mais comuns estão a depressão, a fobia social, a ansiedade de separação (por ficar longe dos pais, por exemplo), os transtornos alimentares e a insônia.
Ou seja, como dá para ver, são uma série de aspectos que impactam diretamente no comprometimento do seu filho com os estudos e demais atividades da rotina.
Meu filho não gosta de estudar, o que devo fazer?
Você está constantemente se perguntando “meu filho não gosta de estudar, o que devo fazer?”. Pois então o primeiro passo é identificar quando houve a mudança comportamental dele e se ela está associada a algum acontecimento na vida familiar.
O segundo passo é estar mais presente no ambiente escolar. Converse com a equipe psicopedagógica, a coordenação escolar e também com os professores que fazem parte do dia a dia do seu filho. Todos eles vão trazer informações importantes sobre a rotina em sala de aula e o envolvimento da criança ou do jovem com as atividades do colégio.
Isso sem falar, é claro, em aspectos sociais e adaptativos que são demonstrados no espaço da instituição, em especial, nas relações com colegas e educadores. O terceiro e último passo se trata do acompanhamento psicológico. Afinal, psicólogos poderão se aprofundar em questões emocionais, cognitivas e de personalidade do seu filho.
Inclusive, a depender da evolução do processo, o profissional poderá realizar avaliações psicológicas para a detecção e/ou confirmação de transtornos mentais.
A partir daí, caso seja confirmada a existência de transtornos, neuropsicólogos vão lhe dar o suporte adequado quanto ao tratamento a ser seguido. Já os médicos psiquiatras poderão auxiliar caso seja necessário o uso de medicamentos controlados — o que acontece, por exemplo, em casos de Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade.
Como agir para incentivar os filhos nos estudos?
Para finalizar, trouxemos algumas dicas que você pode colocar em prática para incentivar os mais novos a estudarem e, acima de tudo, a tornarem isso um hábito.
Afinal, quando há identificação das crianças e dos adolescentes com essa atividade, eles passam a vê-la não como uma obrigação, uma imposição ou mesmo um castigo, mas sim algo proveitoso, instigante e que vai beneficiá-los ao longo da vida. Portanto, tome nota!
Crie um ambiente de estudo em casa
Para começar a resolver a questão do “meu filho não gosta de estudar, o que devo fazer?”, comece criando um espaço de estudos em casa. Um canto onde ele se sinta confortável e tenha à disposição os materiais escolares necessários para ler, revisar, fazer pesquisar, responder exercícios, produzir trabalhos das disciplinas etc.
Também é importante que esse espaço tenha o mínimo possível de distrações para aumentar o foco e a imersão do seu filho no aprendizado dele, além, é claro, de reduzir as interrupções que possam atrapalhá-lo.
Ajude na construção de uma rotina de estudos
Para além do canto de estudo, é importante que a criança ou o adolescente tenha o hábito de estudar como algo diário. Para isso, estabeleça um horário fixo conforme a agenda de atividades do seu filho para que ele se dedique aos livros.
Pode ser uma hora à tarde ou uma hora à noite, por exemplo. A ideia é que isso se transforme em uma rotina e o permita está sempre vendo e revendo os conteúdos aprendidos em sala de aula.
Envolva-se nas tarefas de casa
É compreensível que os pais nem sempre tenham tempo livre ou domínio sobre todas as disciplinas para ajudar os filhos nas tarefas de casa. Porém, não se cobre por isso. O importante é auxiliar e se fazer presente no que for possível, mostrando interesse, companheirismo e apoio psicoemocional.
No entanto, se você é bom com alguma matéria específica (Matemática, Português, Geografia etc.), aproveite ela para dar dicas de estudo e também como ponto de contato com o universo escolar da criança ou do adolescente. Essa oportunidade, inclusive, é um ótimo momento para conhecer quais as dificuldades e dúvidas que o seu filho tem.
Adote alternativas de aprendizado que engaje o seu filho
Uma última dica é adotar estratégias alternativas de aprendizado para engajar o seu filho quando as mais tradicionais, que envolvem a leitura de livros e paradidáticos, não dão o retorno esperado. Para isso, faça uma lista com os objetivos desejados.
Por exemplo: aprender História Química e Literatura. A partir daí, pense no que pode tornar mais prático e “concreto” o saber teórico. É o caso de assistir documentários e filmes com ele, fazer visitas a museus, realizar experimentos científicos etc.
Ao longo do post, você viu o que fazer ao se deparar com a dúvida: “meu filho não gosta de estudar, o que devo fazer?”. Portanto, comece a colocar as dicas em prática e, em especial, manter contato com a escola dele. Essa comunicação é a chave para entender de maneira eficiente e rápida o que pode estar afetando o desempenho da criança ou do jovem.
Além disso, ao suspeitar de transtornos mentais, independentemente do tipo, recorra a profissionais especializados em saúde mental. Com a avaliação e o suporte deles, será possível confirmar ou não essa possibilidade e saber como proceder para ajudar o seu filho.
Como estamos falando sobre o incentivo ao estudo na infância e na adolescência, aproveite como o projeto pedagógico da escolha do seu filho pode ser crucial para esse objetivo!