Meu filho não quer comer: o que fazer? Confira 6 orientações

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Quando o filho não quer comer, é natural que os pais fiquem preocupados. Essa preocupação pode fazer com que eles tomem decisões equivocadas, adotando medidas pouco eficientes que, na verdade, agravam o problema.

Se a criança demonstra recusa do alimento, primeiro é preciso entender o que pode estar causando isso. Existe a possibilidade de serem questões físicas ou psicológicas. Em seguida, é necessário fazer mudanças ou adequações na hora de lidar com o processo de alimentação da criança.

Não é tão complicado quanto parece. Neste artigo, explicamos o que pode causar a recusa do alimento e trazemos algumas sugestões para lidar com isso de forma mais leve e equilibrada. Acompanhe!

Quais os principais motivos emocionais para uma criança não querer comer?

Quando os pais precisam lidar com uma criança sem querer comer, primeiro devem verificar se existe algum motivo emocional para isso. Afinal, a criança está passando por um processo de desenvolvimento e de mudanças constantes, o que pode gerar alguns conflitos.

Ela está se descobrindo enquanto pessoa, conhecendo o mundo, desenvolvendo a sua própria personalidade. Esses e outros fatores trazem impactos emocionais que podem refletir no apetite e na relação com os alimentos.

Veja a seguir os principais motivos relacionados a fatores psicológicos que podem fazer com que a criança não queira comer.

Ansiedade

A ansiedade não é um problema que afeta apenas adultos. A estimativa é de que 10% da população pediátrica apresente algum tipo de ansiedade. Por isso, se o seu filho não quer comer, é importante considerar essa causa.

As crianças hiperativas, por exemplo, também costumam sofrer de transtorno de ansiedade. Elas não conseguem se concentrar na alimentação e têm pressa de finalizar o mais rápido possível para realizar outras atividades. Essa inquietação involuntária incomoda a criança e a deixa ansiosa.

A ansiedade ainda pode estar relacionada a fatores como problemas na família, dificuldades na escola, medos ou inseguranças. É uma condição que tem diferentes bases, então ela precisa ser bem investigada com o auxílio de especialistas.

Tristeza

A tristeza pode fazer com que o seu filho não queira mais se alimentar de maneira adequada. Quando a criança está triste, ela tende a ficar apática e perder o interesse não só pelas refeições, mas por atividades do dia a dia.

É muito importante entender que a tristeza não é birra, e sim um sentimento que está provocando abalos. Pode estar relacionada a diferentes fatores, como uma mudança na rotina ou no círculo familiar, desentendimentos, perdas ou frustrações que a criança tenha enfrentado.

Raiva

Se o seu filho não quer comer quando você o obriga a sentar à mesa, pode ser que ele se recuse por estar com raiva. É uma forma de protesto contra essa atitude e uma tentativa de afirmar o seu próprio desejo, até mesmo como um desafio.

No caso da criança sem limites, é possível que isso aconteça. Como geralmente ela deseja que todas as suas vontades sejam atendidas no momento em que quer, quando se sentem obrigadas ou pressionadas a fazer algo que não é do seu agrado, podem reagir com raiva e fazer o contrário daquilo que é esperado. Por exemplo: deixar de comer quando deveriam se alimentar.

Insegurança

Se na sua casa existem muitas regras durante as refeições, é interessante observar se o seu filho não quer comer por se sentir intimidado por isso. Elas podem fazer com que a criança se sinta insegura, com medo de cometer algum erro que possa levar a uma represália.

Educação e bons modos são muito importantes, mas é preciso moderação na hora de instruir as crianças sobre como se comportar à mesa. O aprendizado deve acontecer de uma forma natural, sem imposições ou a sensação de que haverá alguma punição caso um erro seja cometido. A criança precisa se sentir à vontade na hora de se alimentar.

Quais questões de saúde podem estar envolvidas?

Se o seu filho não quer comer, mas não está passando por nenhum problema emocional, é interessante considerar possíveis questões de saúde. Algumas condições físicas afetam o apetite e causam a recusa alimentar. Veja os exemplos.

Dores físicas

Sentir dor pode fazer até mesmo com que um adulto não sinta vontade de comer, e com a criança não é diferente. Pode ser que ela esteja sentindo, por exemplo, dores estomacais, cólicas intestinais ou não se sinta muito bem depois das refeições.

Observe possíveis sintomas e dê atenção aos relatos da criança. Talvez ela esteja passando por esses problemas ou até mesmo por uma simples dor de dente. Quem sabe uma queixa de garganta inflamada, dificuldade para engolir, entre outras situações que causam desconforto.

Fastio

O fastio, ou seja, a falta de apetite, também pode ser a grande causadora do problema, pois dificilmente a criança vai comer apenas por obrigação. Se ela não estiver com fome, vai se recusar a se alimentar.

Vários fatores podem causar a falta de apetite ou a sensação de aversão pelos alimentos. Os próprios problemas emocionais levam a isso, mas também podem estar associados a doenças crônicas, infecções ou alguns tipos de medicamentos.

Alterações de paladar

Existem duas condições que provocam alterações no paladar e que podem ser a explicação de por que o seu filho não quer comer.

Um desses problemas é a hipersensibilidade oral. Ela faz com que a criança tenha preferência extrema por determinados tipos de alimento, seja em função do seu sabor ou por causa da textura. Assim, ela recusa aqueles que não atendem a essas exigências do seu paladar.

A segunda condição é a hipossensibilidade oral. Nesse caso, a preferência é pelos alimentos que têm sabores mais intensos e conseguem despertar melhor o paladar. A criança recusa aqueles com sabores mais suaves. Essas duas condições fazem parte do grupo de distúrbios de processamento sensorial.

Distúrbio da alimentação restritiva ou seletiva

Existe um transtorno alimentar chamado de distúrbio de alimentação restritiva ou seletiva. Pode ocorrer durante a infância ou adolescência e fazer com que a criança dê preferência para determinados alimentos e recuse outros por conta da sua cor, do sabor, do aroma, da apresentação ou da textura, isso com base em experiências anteriores.

Como os pais podem lidar com isso de forma leve e equilibrada?

Muitos pais procuram especialistas com queixas do tipo: meu filho não quer comer nada, meu filho come muito pouco, ou meu filho só quer comer macarrão, e outras do tipo. Há também aqueles que trazem dúvidas, por exemplo, sobre como fazer meu filho parar para comer, ou como fazer meu filho parar de cuspir enquanto come.

Cada família pode experimentar uma situação na hora de lidar com a alimentação das crianças, por isso, se o seu filho não quer comer, é importante aprender a lidar com isso da melhor maneira possível.

Castigos, autoritarismo e outras ações ineficientes podem agravar o problema ou gerar traumas na criança. Mas algumas medidas contribuem para amenizar a situação e até mesmo contornar esse problema de uma forma leve e equilibrada, com respeito, carinho e amor.

Veja a seguir algumas sugestões que você pode aplicar com facilidade no dia a dia.

1. Observar se a criança tem comido outros alimentos

Talvez o seu filho não queira comer porque simplesmente não está com fome, pois já comeu outra coisa. Veja se ele não tem feito lanches muito perto das refeições principais, ou se está igerindo líquidos em excesso.

2. Restringir o acesso a esses alimentos

Se a criança tiver liberdade para comer aquilo que quiser na hora em que achar melhor, é muito provável que ela não terá vontade de se alimentar na hora das refeições. Então, se houver acesso a muitos petiscos ou líquidos, procure restringir para não prejudicar o apetite.

3. Favorecer as refeições principais

Procure criar uma rotina para oferecer os alimentos à criança. Favoreça as refeições principais organizando uma bela mesa, reunindo a família e mantendo os mesmos horários. Os alimentos mais saborosos devem ser servidos nessa hora.

4. Tornar a alimentação mais interessante

Se seu filho não quer comer, pode ser que as refeições não sejam atrativas para ele. Então prepare pratos coloridos, invista em utensílios especiais, elabore lanches saudáveis para crianças e bem coloridos, crie formas com os alimentos, entre outras ações que chamem a atenção da criança.

5. Evitar as distrações na hora de comer

O ideal é que a criança crie uma relação saudável com os alimentos, e isso só será possível se ela prestar atenção na hora de comer. É interessante evitar distrações, como celular e televisão, para apreciar da melhor forma os sabores.

6. Tomar as refeições junto com a criança

Você já experimentou tomar as refeições junto da criança para que ela tenha companhia na hora de se alimentar. Se o seu filho não quer comer, pode ser que esteja se sentindo sozinho. Procure estar por perto, dê o exemplo. Aproveite para fortalecer laços. Assim, a hora da refeição será entendida pela criança como o momento de vocês.

Por que é importante não obrigar a criança a comer o que não gosta?

Quando a criança afirma que não gosta de alguma coisa, a melhor alternativa é buscar novas formas de preparo e apresentação para que ela tenha opções. Porém, se de fato não agradar o paladar, faça substituições.

Conseguimos oferecer os nutrientes essenciais trocando um alimento por outro. Caso você tenha dúvidas, você pode consultar um nutricionista. O mais importante é não obrigar para que a criança não desenvolva uma recusa cada vez maior, o que pode fazer com que ela tenha aversão pela refeição como um todo.

Se o seu filho não quer, primeiro veja o que pode estar acontecendo e procure as melhores soluções para que a criança tenha experiências positivas durante as refeições. Assim, será possível obter todos os nutrientes que precisa para crescer saudável, sem que a comida seja um trauma.

O mindful eating pode ajudar a transformar a relação da criança com a comida. Veja, neste artigo, como a técnica funciona, seus benefícios e como ajudar seu filho a colocar em prática.

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