Se você quer saber como acolher o luto infantil, continue lendo o artigo!
Encarar a morte não é um trabalho fácil para adultos, mas se torna ainda mais complicado quando envolve falar sobre o tema com crianças. É preciso muito apoio e estabilidade emocional para acolher uma criança que está lidando com o luto e com todas as mudanças que a morte de uma pessoa querida – principalmente se for uma figura paterna ou materna – trazem na vida do pequeno.
O núcleo familiar e professores entram aqui como orientadores e apoiadores emocionais para que a criança consiga superar esse momento sem maiores traumas, compreendendo o processo do luto e respeitando o seu tempo.
Esse cenário de perdas ficou ainda mais fragilizado durante a pandemia do COVID-19, onde mais de 600 mil pessoas perderam a vida. Além disso, é comum que crianças tenham presenciado pessoas próximas com sequelas ou momentos de incertezas financeiras ao seu redor.
O que é o luto?
Ao falarmos sobre “luto” parece que já é autoexplicativo. Mas, para as crianças, é preciso explicar de maneira clara o que esse sentimento de vazio no peito é. Até porque, cada criança vai vivenciar a experiência do luto de uma maneira muito particular.
A saudade e vontade de estar ao lado da pessoa com ela em vida, a tristeza profunda, solidão e confusão – todas essas sensações fazem parte do luto. Mas, não significa que todos que passam por essa experiência irão ter esses mesmos sentimentos.
É a partir do luto, que a criança tem o primeiro contato com a perda e a morte de pessoas queridas.
O luto, caso não seja devidamente tratado, pode desencadear depressão e ansiedade.
Como acolher o luto infantil em cada idade
A forma de cada criança compreender o luto depende, também, das suas experiências pessoais e familiares.
Ainda que seja algo variável, existe uma categorização por idade para auxiliar pais e especialistas a entenderem o processo de cada faixa etária.
Dos 0 aos 3 anos:
A criança entende a morte como ausência, pensando que é algo temporário. Para o pequeno, é possível “morrer só um pouquinho” e voltar.
Dos 3 aos 5 anos:
A criança ainda não diferencia fantasia da realidade. Por isso, cria as próprias teorias e pode até mesmo sentir culpa em relação à morte da pessoa querida. Ela percebe que os adultos estão sofrendo e associam a morte a algo triste.
Dos 5 aos 7 anos:
A criança já compreende o conceito de morte e tem mais clareza sobre o “para sempre” ou “nunca mais”. A partir dessa idade, podem surgir perguntas mais profundas sobre as crenças da família.
Dos 7 aos 10 anos:
Há uma compreensão maior, mas pode haver dificuldade em identificar e expressar sentimentos.
A partir dos 10 anos:
A criança já entende melhor conceitos abstratos e já entende o que as outras pessoas estão sentindo sobre o fato.
Leia nosso artigo sobre As fases do desenvolvimento infantil e saiba como ajudar
Saiba como acolher o luto infantil
Antes de tudo, recorra a ajuda profissional
A depender do grau de parentesco com o falecido, o luto infantil pode ser muito difícil para o pequeno. Por isso, para ajudar a criança a entender o processo de perda, conte com a ajuda de um psicólogo infantil.
O profissional vai ajudar a família a orientar e auxiliar o pequeno, já que vai saber as técnicas e abordagens corretas para lidar com a dor da criança e conduzi-la para o bem-estar emocional.
Lide com a situação com empatia
Não é fácil lidar com a morte e a situação fica ainda mais delicada quando envolve uma criança em sofrimento. Os adultos costumam ficar ansiosos ao lidar com o luto infantil, pois possuem o sentimento de querer protegê-la e, muitas vezes, não saber como agir diante dessa situação e do impacto que a notícia pode ter no pequeno.
Mas, respire! Seja claro e fale a verdade. Ao contar sobre o falecimento de algum parente próximo à criança, não diga que ele foi viajar, pois isso pode causar ansiedade pelo retorno e, futuramente, frustração. Uma boa dica é, a depender da idade da criança, utilizar metáforas, como contar que a pessoa foi “morar com a estrelinha”.
Utilizar linguagens lúdicas para crianças de até 3 anos pode ser uma boa solução.
Lembrem com carinho a pessoa querida
Momentos após a perda, é muito difícil falar sobre quem se foi. Porém, é importante lembrar com amor da pessoa que faleceu. Através desse processo, é possível que a criança cultive em sua memória os bons momentos que passaram juntos.
Diante da morte, muitas crianças passam a ter o sentimento de abandono, medo e o receio de que aqueles que se foram sejam esquecidos pelos que ficaram. Ao lembrar com respeito e carinho dos entes queridos, é uma forma de acalentar o coração dos pequenos e tranquilizá-los de que aquele espaço estará sempre preenchido.
Luto infantil: os órfãos da COVID-19 no Brasil
Embora a pandemia tenha acabado, os impactos dela irão permanecer por muitos anos. Isso porque, de acordo com estudo publicado por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), mais de 40 mil crianças e adolescentes brasileiras ficaram órfãs por causa da COVID-19.
Segundo o estudo, as crianças órfãs apresentam maior vulnerabilidade a problemas emocionais e comportamentais, o que exige programas de intervenção para atenuar as consequências psicológicas da perda dos pais..
Vencer luto é difícil em qualquer fase da vida. Mas, juntos, a família se apoia e descobre novos motivos para seguir e cultivar novas razões para galgar o melhor da vida, sem que seja necessário esquecer de quem se foi. Afinal, a única certeza que temos em vida, é a morte.
Saiba mais sobre saúde mental em nosso artigo Como cuidar da saúde mental infantil? Confira estas orientações