Se você quer saber como praticar a comunicação não violenta com as crianças, continue lendo esse artigo!
Ao ouvir falar sobre o termo “comunicação não violenta” muitas pessoas podem confundir com a maneira ‘fofa’ de falar com crianças. A comunicação não violenta foi desenvolvida pelo psicólogo Marshal Rosenberg e é, na realidade, um conjunto de princípios filosóficos e práticas concretas que auxiliam para a criação de vínculos mais leves e sustentáveis, baseados nos pilares de autenticidade, empatia e autoempatia.
Ou seja, a criança passa a entender a importância de olhar as próprias vontades e também, as vontades daqueles que as cercam. Assim, é uma abordagem que sugere diálogos sinceros e honestos, para trocas reais e sem julgamentos.
Acima de tudo, essa abordagem não visa uma orientação, mas sim uma mudança na forma de olhar para si e para o outro.
A comunicação não violenta também tem um impacto muito positivo na saúde mental infantil.
Para saber mais sobre cuidados com a saúde mental infantil, leia nosso artigo.
Como introduzir a comunicação não-violenta nas relações familiares?
Inserir a comunicação não violenta nas relações familiares pode parecer um pouco difícil,
Afinal, organizar os pensamentos quando se está estressado é uma tarefa complicada e precisa ser exercitado diariamente, até se tornar algo natural.
No contexto familiar é necessário que todos estejam 100% envolvidos nessa tarefa. Por isso, ao resolver um conflito entre as crianças, por exemplo, é preciso garantir o direito de que todas expressem os sentimentos e também pratiquem a escuta empática.
Dessa forma, é preciso analisar a situação de maneira equilibrada e desenvolver bem o autoconhecimento de todos os envolvidos. A escuta com o outro é muito importante, mas ela precisa ocorrer de maneira aberta e acolhedora.
Esse passo da comunicação não violenta faz com que as crianças compreendam as necessidades do outro e ajuda na criação de conexão com a família. E, sobretudo: ao ocorrer um desentendimento, é primordial recordar de que a conversa existe para resolver o problema com a pessoa querida, não para confrontá-la.
Os quatro passos da comunicação não-violenta com as crianças
Observação:
A primeira fase da comunicação não violenta é compreender o que ocorre com seu filho (a). Antes de tudo, o choro acontece com um motivo e é importante que os pais entendam isso.
Pode ser uma fralda cheia, sono, fome, frio ou calor: o importante é observar qual a necessidade da criança naquele momento. Para a criança, o choro é uma forma de comunicação e cabe aos pais aprenderem a solucionar o que causa o choro.
Contudo, muitos pais esquecem a importância da observação desse cenário quando o pequeno aprende a falar a se expressar com palavras no lugar do choro. Primeiramente, é necessário que os pais reconquistem a capacidade de observação e percebam se a criança está transmitindo a mensagem de forma oral ou através de atitudes e linguagem corporal.
É importante, também, não julgar o (a) pequeno (a).
Através da observação e compreensão da situação, é possível dar o primeiro passo na comunicação não violenta, ensinando a criança uma forma mais estratégica de comunicação e solução de conflitos.
Sentimentos:
Compreender os sentimentos e as emoções despertados pela situação é o segundo passo da comunicação não violenta.
Além disso, dar nomes aos sentimentos é essencial para a compreensão, já que auxilia a prever as reações imediatas e notar os pré-julgamentos que ocorrem diante das situações.
Por isso, explique claramente à criança o que é mágoa, medo, raiva e também os sentimentos positivos, como euforia, felicidade e gratidão. É muito importante que nenhum dos dois lados tenha medo de se mostrar frágil.
Necessidades:
O terceiro passo é compreender as necessidades relacionadas a esses sentimentos.
Ou seja, quando aprendemos a expor nossas necessidades, maior é a chance de que elas sejam atendidas pelo outro. Porém, para chegarmos à real demanda que a situação desperta, é preciso reconhecer, de forma honesta, as nossas fragilidades.
Pedido:
Agora, é possível conduzir esse cenário para uma resolução positiva.
No último passo da comunicação não violenta, a criança deve entender a importância de elaborar um pedido de forma específica, com ações concretas. Assim, ela deixa claro para o próximo quais atitudes espera.
Atenção: se expresse de maneira positiva e afirmativa na formulação desse pedido. Evite frases abstratas ou ambíguas para não atrapalhar a comunicação.
Como aplicar a comunicação não violenta com as crianças no dia a dia
As emoções negativas e os desentendimentos ocorrem quando as necessidades não são atendidas. Por isso, antes da solução, é preciso que haja conexão entre a família e que os pais mostrem aos filhos que todas as necessidades são valiosas, independente se serão atendidas naquele momento ou não.
Essa também é uma importante lição para as crianças: a vida não é perfeita e nem sempre teremos aquilo que desejamos. E, nesses casos, precisamos lidar com os sentimentos negativos, como a frustração, de forma equilibrada.
Equilíbrio entre o autocuidado e o cuidado com o outro
Essa talvez seja a missão dos papais e mamães: aprender a equilibrar o autocuidado com o cuidado com os (as) filhos (as). Uma forma simples de voltar a equilibrar esses dois pontos é tirar um dia de folga para si mesmo.
Que tal ir ao cinema, dar uma volta, fazer algo que não faz há muito tempo? Para o casal, é importante, também, se conectar a vida a dois.
Combinados e expectativas claras:
É muito importante mostrar às crianças as consequências das atitudes. Porém, isso não se trata de punições ou castigos.
Aqui, a ideia é que os pais façam com os (as) filhos (as) acordos e regras para que as crianças comecem a ter noção do impacto que suas ações podem ter em seu mundo e no mundo do outro. A partir disso, elas podem tomar as próprias decisões com maior responsabilidade.
As regras podem ficar expostas em um mural. Mas antes, é importante que tudo seja devidamente conversado e que os sentimentos, necessidades e expectativas entre pais e filhos sejam expostos.
Observe o potencial:
Já ouviu falar na metáfora do “copo meio cheio e meio vazio”?
Ao invés de olhar o que está faltando para que a comunicação não violenta da sua família seja perfeita, observe o quanto ela já melhorou!
Observe a sua criança e extraia o melhor dela. Abra mão de suas projeções e de seus rótulos. Todos os momentos em família são importantes para o aprendizado coletivo, sejam as necessidades atendidas ou não. Dessa forma, a comunicação não violenta melhora as relações familiares e reduz a violência, seja praticada contra si mesmo ou contra as crianças.
Como a escola pode colaborar com a comunicação não violenta com as crianças?
A escola pode estimular a comunicação não violenta através de métodos específicos que auxiliam os estudantes a ganharem mais confiança e segurança, em si mesmo e nos colegas.
Por exemplo, a escola pode promover rodas de conversa, atividades de leitura e estimular esse tipo de comunicação entre os estudantes. É preciso também que os educadores e demais colaboradores estejam adaptados a essa forma de comunicação, para que seja possível colocá-la em prática em todos os âmbitos da instituição.
Em conclusão, a comunicação não violenta é um grande diferencial na qualidade das relações familiares e no estímulo do bom desenvolvimento emocional das crianças e dos jovens. Apesar de não ser uma transição fácil, é uma tarefa que vale a pena investir, principalmente para uma qualidade de vida mais saudável com os (as) filhos (as).
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