Quer entender qual a relação entre redes sociais e adolescência? Continue lendo o artigo!
Hoje é praticamente impossível ver crianças acima de 10 anos que não tenham um celular nas mãos e sabemos exatamente para onde elas estão olhando nas telas: as redes sociais!
Seria ingenuidade imaginar um jovem sem celular ou sem conexão à internet, pois elas fazem parte da nossa vida e esta nova geração já nasceu conectada. É naquele ambiente que parte das suas vidas acontecem.
Porém, redes sociais são controladas por algoritmos e possuem mecanismos que, se para adultos já oferecem vários problemas, imagine para adolescentes que ainda estão em formação e podem ser muito mais sensíveis emocionalmente?
Redes sociais e adolescência: problemas à vista
Uma infância e adolescência pautada em redes sociais, de acordo com especialistas, aumentam o risco de depressão, automutilação, baixa autoestima, distúrbios alimentarem e, o mais grave de todos, o suicídio.
Isso porque a adolescência é a fase em que paramos para descobrir quem somos, sendo desenvolvida a metacognição – que é a capacidade de refletir sobre o que pensamos -, ou seja, nos tornamos altamente autoreflexivos, autocentrados e verdadeiramente obcecados por nossa aparência e comportamento.
Agora imagine isso num mundo de filtros, onde todos só transmitem vidas editadas e não a realidade, somado a um sistema viciante que te estuda o tempo inteiro para te manter online? Por isso é importante que pais entendam esses efeitos, como funciona e, em casa, consigam estabelecer limites para desenvolver uma relação saudável dos filhos com esse universo digital.
Quer saber como tornar essa relação redes sociais e adolescentes mais saudável em casa? Trouxemos algumas soluções aqui. Boa leitura!
Redes sociais e adolescência: Por que essa fase é a mais afetada?
A ciência é categórica: as redes sociais estão deixando nossos jovens doentes.
Estudos e especialistas acreditam que muitos dos casos de suicídio e depressão entre adolescentes estão diretamente relacionados ao uso excessivo da internet. A média de tempo de acesso desta faixa etária é de seis a oito horas, cerca de um terço do dia! Os estudos concluíram que a questão não é o tipo de mídia social que frequentam – Tinder, Youtube, Facebook, Instagram, jogos on-line -, mas a quantidade de horas gastas nelas.
Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal do Espírito Santo, realizada em 2019 com adolescentes entre 15 e 19 anos, mostrou que 25,3% são dependentes moderados ou graves de internet. Ocorre que, também ainda de acordo com este estudo, os casos de ansiedade são 34% maiores entre os dependentes tecnológicos.
Agora você imagina como não estão estes dados após um ano de pandemia? Com certeza muito maiores.
Mas porque isso afeta mais esta faixa etária?
São diversos os fatores que as redes sociais afetam mais os adolescentes e iremos esmiuçá-los abaixo.
Busca por audiência
É comum adolescentes acharem que os outros são tão obcecados em os avaliar, julgar e criticar quanto eles o são. Assim, é normal fantasiarem que o outro sempre sabe tudo sobre suas falhas e inadequações. É como se eles vivessem um reality show fantasioso. Na verdade, a plateia julgadora está apenas em suas imaginações. Eles sofrem com a fantasia sobre o julgamento alheio.
Agora imagine o que acontece quando eles passam a ter acesso a uma audiência onde os julgamentos acontecem em formato de likes, comentários e seguidores?
Adolescentes possuem menos controle decisório e capacidade de arbitrar o que é bom ou ruim
Pesquisa pioneira da Universidade Federal do Espírito Santo, realizada em 2019 com 2 mil adolescentes entre 15 e 19, mostrou que 25,3% são dependentes moderados ou graves de internet. O número de casos de ansiedade é duas vezes maior (34%) entre os dependentes tecnológicos.
Ocorre que, boa parte do problema é que adolescentes têm menos controle decisório e capacidade de arbitrar o que é bom e o que não é. De acordo com a ciência, a formação total do cérebro só acontece entre os 20 e 25 anos e isso transforma os adolescentes em um alvo perfeito a ser explorado, já que o grande ativo das mídias sociais é a captação de dados dos seus usuários.
Quanto mais tempo conectados, mais o algoritmo aprende e mais nos vicia. Isso acontece porque, quando temos uma experiência prazerosa, o cérebro ativa um neurotransmissor chamado dopamina, o famoso hormônio do prazer.
Ele pode ser ativado desde um chocolate até o ganho de likes na rede social. E o oposto também é real: sabe aquela sensação frustrante de caprichar na foto e ter poucas curtidas? É essa roleta russa emocional que está adoecendo os adolescentes.
É uma geração ocupada o tempo todo pela falsa companhia de um aparelho celular. São adolescentes que não se conectam consigo mesmo, preocupados com as aparências, com o externo a eles, com o que mostram nas telas. A vida reduzida a uma vitrine para os outros. A consequência é um vazio gigantesco: eles não estão preenchidos por nada.
Ilusão de companheirismo
Amizades virtuais podem gerar uma ilusão de companheirismo, mas o fato é que elas não envolvem o senso de compromisso que existe nas amizades reais. Grupos e amizades virtuais não satisfazem nossa necessidade de pertencimento.
Assim, as redes podem ampliar a solidão. Quando o adolescente está em um dispositivo, ele está de fato sozinho. A literatura mostra que pessoas que dedicam muito tempo para a conexão online, se sentem mais solitárias. O tempo excessivo nas redes reduz o tempo disponível para experiências reais.
Dos pais aos pares
Sozinho é o último lugar que o adolescente deseja estar. Quem fala sobre isso é Daniel Siegel, psiquiatra infantil da Universidade da California em Los Angeles. Ele explica que na adolescência, inicia-se a transição para fora de casa. Sair da proteção dos adultos é estimulante, mas ao mesmo tempo assustador. O grupo dá segurança para que o adolescente consiga se virar para além de sua casa.
Por exemplo, as necessidades de intimidade, confiança, confidência e companhia são cada vez mais preenchidas pelos amigos. É por isso que o adolescente supervaloriza a opinião do grupo e fica mais propenso a adequar-se às expectativas dos outros. Ele precisa pertencer para sentir-se seguro socialmente.
A literatura aponta que nesta fase é comum que a opinião do outro se torne mais importante do que a opinião própria. Estudos mostram que adolescentes se preocupam mais com a aprovação alheia do que as crianças e os adultos. Eles têm maior sensibilidade à rejeição social. Ficam sensíveis e hipervigilantes a qualquer sinal de reprovação.
É por isso que adolescentes são mais vulneráveis ao bullying – comportamento extremamente frequente nas redes sociais como infelizmente retratou o caso do menino Lucas. Jonathan Haidt, psicólogo social e pesquisador sobre o tema, afirma que a mídia social é o maior facilitador da agressão social desde a invenção da linguagem. As evidências disponíveis sugerem que a saúde mental dos adolescentes sofreu como resultado.
Comportamentos inautênticos
Para pertencer ao grupo, é comum que os adolescentes reprimam aquilo que realmente pensam e sentem. Comportamentos inautênticos, apesar de normais na idade, estão relacionados à baixa autoestima e sintomas depressivos.
Além disso, quando os adolescentes percebem que seus comportamentos dependem do contexto, eles ficam mais confusos, se sentem inadequados e menos competentes. Fica mais difícil entender quem se é, quando não existe coerência entre suas palavras e ações.
E o que o uso das redes sociais faz? Torna os adolescentes ainda mais influenciáveis, ampliando a dificuldade de sentirem-se autênticos. Antigamente precisávamos inferir a respeito do que as pessoas pensavam.
Precisávamos ler a linguagem corporal, entonação de voz, usar os sentidos. Hoje, a ferramenta quantifica aquilo que a audiência gosta e não gosta em número de likes e seguidores. Os adolescentes das redes não têm tantas dúvidas do que precisam fazer e pensar para ter a aprovação do outro.
Então eles vestem a camisa e passam anos buscando aplausos. Imitando online e off-line aquilo que seus ídolos fazem – nada errado em imitar ídolos que escolham por admirar qualidades, profissão ou comportamento. Mas os ídolos dos adolescentes das redes são escolhidos pelo número de likes e seguidores.
Comparação social
Uma forma de descobrir quem se é, é refletindo sobre si mesmo e sobre o que os outros pensam de você. Uma outra forma é se comparando com o outro. Por exemplo, posso aprender que sou alta constatando que os outros são mais baixos do que eu. Para entendermos quem somos, olhamos para o mundo para avaliarmos semelhanças e diferenças. E é por isso que adolescentes são obcecados pela comparação social.
As redes funcionam como uma vitrine onde cada usuário expõe a ideia de si que deseja vender, maquiando a embalagem e a vida original para parecer que a propaganda é verdade.
Não é preciso nem dizer que a vida real parece sem graça e problemática em comparação.
Os desafios naturais da adolescência já fazem desta fase um período difícil. Não é de hoje que adolescentes tem dificuldades emocionais. O problema é que as redes tornam mais complicado o que já era complexo em primeiro lugar.
Como ensinar nossos filhos a terem uma relação saudável com a rede social?
É no universo online que muitos descobrem não estar sozinhos em uma fase difícil da vida, de descobrimento de traços da personalidade, como a sexualidade.
No campo vasto da internet, todas as tribos se encontram. Ela não é, por si só, uma inimiga. Mas a internet requer moderação. Este é o ponto: a medida certa. Não é razoável expô-los completamente à tecnologia e essa supervisão cabe aos pais ou responsáveis.
Um relatório do órgão regulador de comunicações do Reino Unido mostra que crianças e adolescentes entre 3 e 17 anos são usuárias assíduas das redes sociais. Segundo o estudo, 99% dos indivíduos nessa faixa etária usaram a internet em 2021.
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomenda que de zero a dois anos a criança não tenha qualquer exposição a telas. Entre dois e cinco anos, no máximo 1 hora diante de tela. De seis a 10 anos,, entre 1 e 2 horas ao dia. E dos 11 aos 18 anos, exposição máxima de 3 horas por dia diante de telas, incluindo videogame, e mesmo assim, equilibrando com a prática de atividade física.
Outra orientação aos pais é não permitir que o jovem se isole no quarto com computador, smartphone, tablete ou celular; o uso deve ser em áreas comuns da casa. O horário das refeições deve ser respeitado, sem acesso ao celular à mesa. Especialistas também sugerem que se adote um “dia sem conexão”, em que todos deixam os gadgets de lado por algumas horas, para estimular o convívio em família.
É fundamental que os adultos também façam um uso racional de computadores, celulares e redes sociais em nome da saúde dos próprios filhos. Dar o exemplo não é a melhor maneira de educar os outros. É a única.
A importância de uma detox digital em família
Mas como tornar mais saudável a relação entre redes sociais e adolescência?
A detox digital pode trazer vários benefícios a toda a família. O adolescente passa a ter mais tempo para exercitar a criatividade e o aprendizado. Até mesmo a possibilidade de assumir responsabilidades no dia a dia, como organizar o material de estudo e arrumar o próprio quarto. Com o passar dos dias, ficará nítido no comportamento dele os benefícios.
Para ajustar o tempo com os dispositivos móveis, os pais precisam, além de dar o exemplo, conversar com o adolescente e também mostrar as vantagens de ficar um pouco fora do mundo online. Nesta conversa é importante dar exemplos dos problemas do uso excessivo dos celulares e buscar programas interessantes para os filhos.
Porém, não espere o adolescente aceite essa nova rotina. É preciso que os pais tenham entendimento do que é necessário. E após alguns dias, retome a conversa e mostre as mudanças positivas que aconteceram com a diminuição da exposição ao digital.
Importante destacar que este universo hoje faz e fará parte do nosso mundo. As redes sociais com o tempo podem mudar, porém o universo digital só tende a crescer. Logo, uma educação digital hoje é fundamental para que os nossos jovens parem de adoecer!
Essa missão é algo que pode ser trabalhado em conjunto, família e escola, na conscientização que o equilíbrio na utilização de redes sociais e o ganho de consciência da importância de conexões verdadeiras fora delas.
Conheça mais sobre a nossa rede de ensino lendo o artigo “Santa Mônica Centro Educacional: por que o seu filho deve estudar aqui?”.