Na vida adulta, nem sempre manter o financeiro organizado é uma tarefa fácil. Muito disso se deve à falta de familiaridade que temos com o dinheiro e com as estratégias que tornam as nossas finanças um assunto mais fácil ou até por não termos recebido qualquer educação financeira infantil.
Agora, imagine você, que se não aprendemos a lidar com o nosso dinheiro ainda quando crianças, chegamos à vida adulta sem saber administrá-lo. E, assim, fica fácil perder o controle e achar que “não ganha o suficiente” quando, na verdade, só não gerencia muito bem esses recursos.
Quer saber mais sobre o quanto a educação financeira infantil é importante para os pequenos? Então fique de olho!
O que é educação financeira infantil e para que ela serve?
A educação financeira infantil é o processo de ensino pelo qual os pequenos passam para aprender a lidar com as principais variáveis que envolvem dinheiro. Assim, elas aprendem o que é esse recurso, como um patrimônio é construído, como o preço das coisas é determinado, quão importante é organizar as contas para pagar tudo em dia e assim por diante.
É nessa fase que as crianças aprendem que o dinheiro é algo indispensável para que elas:
- sustentem a sua própria sobrevivência, pagando por comida, moradia, roupas etc.;
- realizem os seus sonhos de aquisição, como comprar brinquedos e jogos;
- vivam diferentes experiências, como ir ao circo, comprar sorvete e visitar o parque de diversões.
A partir das coisas que a criança mais gosta de fazer, é impossível ensinar que ela precisa despender de um determinado valor em troca daquilo. Assim, ela aprende a economizar desde cedo o dinheirinho que recebe dos pais e a tomar as decisões mais acertadas de acordo com as suas prioridades e os maiores desejos.
Qual é a sua importância?
De um realizador das vontades próprias até o recurso que gira a economia do mundo, as crianças passam a ter uma noção muito mais abrangente de como o dinheiro funciona e da importância de planejar o seu uso. Essas são habilidades que vão acompanhá-la para o resto da sua vida, evitando decisões erradas enquanto adulto.
E isso vai muito além de apenas guardar as moedas no cofrinho. É sobre desenvolver um senso de organização financeira, de aprender a se controlar para conseguir juntar dinheiro e comprar o que quer e até mesmo poupar recursos para comprar coisas necessárias.
A partir desse aprendizado, a criança vai ganhando mais autonomia. Quando os pais vão comprar seu material escolar, por exemplo, e ela quer muito aquela mochila que é o dobro do que cabe no orçamento familiar, ela pode decidir se vai usar o próprio dinheiro para inteirar o valor ou se vai guardá-lo para fazer um passeio durante o ano letivo.
Tudo isso ensina aos pequenos que, para terem algo, muitas vezes eles precisam abrir mão de outras coisas que também querem muito. Isso os obriga a criar uma espécie de lista de prioridades, ou “o que vem primeiro” na sua relação de desejos. Assim, a criança começa a arcar com as próprias escolhas.
Ao longo do processo, eles vão aprendendo a:
- criar familiaridade com o dinheiro;
- aprender a economizar;
- desenvolver mentalidade de investidor.
Como incentivar a educação financeira na infância?
Abordar as questões financeiras com as crianças desde cedo é importante para que elas se sintam tranquilas quando tiverem que tomar suas próprias decisões nesse sentido. E é claro que a família tem um papel crucial nisso, principalmente para criar uma rede de estímulo e de apoio a hábitos financeiros saudáveis.
Quer saber como fazer isso no dia a dia? Então fique de olho em algumas dicas!
Dê uma mesada
Embora nem todos os pais sejam a favor dessa prática, o hábito de dar uma mesada ou semanada é o que atribui à criança mais autonomia para lidar com o próprio dinheiro. Estando responsável pela sua própria quantia de dinheiro, os pequenos se sentem mais livres para dizer “sim” ou “não” para as decisões que se apresentam.
Uma parte importante desse processo de aprendizado é deixar que a criança “quebre a cara” gastando o seu dinheiro com itens supérfluos, como doces e figurinhas. Isso vai servir como uma lição para que ela aprenda a guardar dinheiro quando quiser algo de maior valor, como um brinquedo.
Além do mais, lembre-se de acordar e cumprir uma frequência para entregar o dinheiro, bem como estipular uma quantia, permitindo que a criança se organize e tenha o próprio planejamento. Não existe um valor ideal, você pode adequar os pagamentos de acordo com a idade e com a renda familiar.
Incentive boas aquisições
Se você fornece algum tipo de fonte de renda para as crianças, como a mesada ou semanada, é importante trabalhar junto delas o processo de decisão sobre como elas gastarão esse dinheiro. Então você pode explicar que comprar coisas supérfluas não vai satisfazer aqueles desejos maiores que estão relacionados a bens e experiências mais caras, por isso poupar e ponderar as aquisições é muito relevante.
Se a criança quer comprar um jogo que é mais caro, por exemplo, ajude ela a calcular quanto tempo ela precisará economizar dinheiro para ter o montante necessário. Depois, faça o mesmo cálculo simulando que ela guarde apenas a metade do valor da sua mesada e deixa que ela decida o que prefere.
Além disso, você também pode oferecer orientações sobre o que ela deve avaliar no momento de escolher os seus itens. Ensine, por exemplo, que se ela pesquisar os preços em mais de um lugar, ela pode encontrar o mesmo item por um preço menor. Ou que podem conseguir um desconto, caso negocie com o vendedor.
Fale a linguagem financeira
Outra maneira de ajudar as crianças a se habituarem com esse universo financeiro é usar rotineiramente as expressões mais comuns desse contexto, como:
- impostos;
- prestações;
- crédito;
- descontos;
- juros.
E não se esqueça de explicar o que significa tudo isso, para que a criança já desenvolva uma noção. Assim, ela vai saber o que significa quando receber um desconto por um item.
Sempre que possível, encaixe essa linguagem em jogos e brincadeiras. Se você julgar prudente, divida alguns assuntos financeiros familiares para que a criança acompanhe de acordo com a sua faixa etária e deixe que ela perceba que todos os projetos da família só se realizam em função de alguns esforços, como economias e renúncias.
Envolva o dinheiro nas brincadeiras
Bem, não brinque com o dinheiro de verdade, mas faça brincadeiras lúdicas com ele. Adotar jogos de tabuleiro, como o o Banco Imobiliário e o Jogo da Vida, são boas maneiras de fazer isso, ajudando as crianças a se acostumarem com compra e venda, rendimentos e decisões financeiras. O mesmo vale para brincadeiras de faz de conta em que seu filho tem um mercadinho ou uma loja.
Nesses casos, aproveite para trabalhar melhor questões como descontos, parcelamentos, cobranças de juros e concessão de crédito. Você pode abordar cada uma dessas questões explicando do que se tratam e como funcionam. Só não se esqueça de adequar as lições à idade do seu filho, está bem?
Separe o consumo do lazer
Não se esqueça de explicar para o seu filho que, embora muitas programações legais possam acontecer com dinheiro, a diversão dele não depende de comprar algo. Para ir ao cinema, por exemplo, seu filho deverá ter um valor da mesada guardado. Mas ele não precisa ir ao cinema para se divertir com os amigos.
Caso o dinheiro já tenha acabado, sempre existem alternativas de continuar desfrutando da vida que não dependam desse recurso, como:
- assistir filmes em casa;
- jogar bola;
- andar de bicicleta etc.
Por que a escola é importante nesse processo?
Por estar ciente da necessidade de uma sociedade mais saudável financeiramente, o SMCE quer criar uma realidade financeira diferente para as crianças de hoje e para os adultos de amanhã. Nós acreditamos que se as nossas crianças aprenderem a valorizar a sua educação sobre o dinheiro agora, serão mais estratégicas em relação a esse assunto na fase adulta.
Para tanto, a Rede Santa Mônica Centro Educacional começou, em 2022, o projeto Educação Financeira — Dinheiro também é assunto de criança. O objetivo é tornar as crianças mais conscientes do poder do dinheiro e da importância de uma boa gestão desse recurso para uma relação saudável com ele.
As atividades são desenvolvidas desde o segundo até o quinto ano do Ensino Fundamental, com uma sequência didática para facilitar o aprendizado. A cada quinze dias, os pequenos têm a oportunidade de entrar em contato com alguns princípios básicos sobre dinheiro, a construção de um futuro próspero e até a conscientização sobre a relevância de economizar.
São abordados assuntos como:
- a leitura e a reflexão sobre fábulas e histórias em quadrinhos;
- a resolução de problemas propostos pelos educadores;
- o reconhecimento do valor do dinheiro;
- o cuidado com os gastos e despesas pessoais;
- a prática da economia para a realização de objetivos;
- o reconhecimento das necessidades reais da compra de um bem ou serviço.
Todos esses conhecimentos permitem que a criança desenvolva comportamentos como a disciplina, o autocontrole, o planejamento e a organização. Além disso, eles ainda podem disseminar os seus aprendizados com os familiares em casa, mudando a realidade financeira do seu grupo familiar.
Então, se você gostou de conferir este conteúdo sobre educação financeira infantil, saiba mais sobre o projeto Educação Financeira — Dinheiro também é assunto de criança!