Birras na infância são extremamente comuns, principalmente entre as idades de 2 a 4 anos e, algumas vezes, até com crianças maiores. Porém este é um momento complicado para muitos pais, que muitas vezes não sabem como lidar com este tipo de situação.
Sabe aquelas cenas clássicas? Criança chorando no meio do mercado, se jogando no chão do shopping, aquela gritaria e discussão no parque e por aí vai…como você age?
Na maioria das vezes, por não saberem como agir, os pais acabam tendo comportamentos que ajudam a piorar o ocorrido. Por isso, é essencial que pais entendam o que origina esse tipo de comportamento e, assim, possam construir uma relação de comunicação saudável para que esses momentos fiquem de lado e deem espaço a histórias mais felizes e harmônicas.
A criança é um ser humano em formação. Ela ainda não tem a inteligência formada e, por isso, é tão importante a educação dos pais para apontar os valores do certo e errado e, principalmente, os limites.
Abaixo, iremos aprofundar o que motiva esse comportamento e como os pais podem lidar com as birras na infância da forma mais saudável. Boa leitura!
Mas, o que são as birras na infância?
Entende-se por birra todos os comportamentos de teimosia, irritação, implicâncias e aborrecimentos das crianças. Pedagogicamente falando, precisamos acrescentar que birras na infância não têm um motivo verdadeiro para acontecer.
Alguns acreditam que as birras são reações vazias de conteúdo e, nesses casos, as crianças reagem negativamente por maus hábitos, porque não sabem se comunicar adequadamente, ou porque necessitam de limites.
Porém, há também uma explicação neurocientífica para que ela ocorra.
Como a neurociência explica as birras na infância?
De acordo com a neurociência, o cérebro da criança durante a primeira infância não se desenvolveu completamente. Isso significa que quando nascemos, a região cerebral ainda se encontra incompleta.
Assim, uma das áreas que ainda encontra-se em desenvolvimento durante os primeiros meses de vida é o neocórtex – aquela parte superior da massa cinzenta. Esta é a região responsável por capacidades imprescindíveis para a autonomia de um indivíduo, tal como o pensamento analítico, a reflexão, a imaginação, a solução de problemas e o planejamento. Importante destacar que 76% do cérebro dependem desta parte especificamente.
Sendo assim, a birra infantil atua como se a parte mais primitiva do cérebro fosse acionada, mais precisamente a região inferior do órgão. Mas é importante ressaltar que a birra tal como a conhecemos não é uma simples pirraça diante de uma frustração.
Esse comportamento pode ser a manifestação – segundo a neurociência – de algumas emoções como o medo, a raiva ou até mesmo o temor de uma eventual separação. Sem o auxílio da parte superior do cérebro para racionalizar e se acalmar, o resultado é que a criança fica superexcitada, com altos níveis de substâncias químicas associadas ao estresse percorrendo seu corpo e cérebro.
O que costuma causar birras na infância?
Sabendo que a criança ainda está com seu cérebro em desenvolvimento, assim como sua capacidade de se manifestar como um todo, ela ainda não tem o pleno domínio de sua linguagem verbal e ainda não sabe lidar com frustrações na vida.
Logo, isso significa que ela não consegue contornar os problemas de forma madura e acaba encontrando na birra a forma de chamar a atenção para algo que não está agradando. Situações como fome, cansaço, sono, falta de vontade para realizar determinadas tarefas, alimentar-se, tomar banho, entre outros fatores são os principais na hora do pequeno manifestar alguma crise.
5 passos para lidar com as birras na infância
Tendo em mente as informações acima, podemos apostar que você já vai passar a olhar para este momento de forma mais tranquila pois, além de ser normal, esta é a manifestação do seu filho(a) aprendendo a lidar com a vida.
Agora como orientá-lo, para que ele possa amadurecer neste aspecto? Abaixo separamos algumas dicas!
Primeiro passo: não se incomode com o que os outros estão pensando no momento em que ele começar a fazer birra!
A nossa primeira reação é ficar constrangidos, pois tendemos a achar que os outros irão pensar que não estamos sabendo criar nossos filhos. Porém, é importante que você possa fazer o que tem de ser feito no momento da birra e não cedam só para “não passar vergonha”.
Lembre-se que a educação dos filhos é mais importante do que alguns olhares de julgamento momentâneos e este é um momento de desenvolvimento dele.
Ninguém – ninguém mesmo – melhor do que você, enquanto pai ou mãe, conhece seu filho e está mais do que pronto para acolhê-lo nos momentos em que ele não consegue mais lidar com as suas frustrações.
Importante não tentar solucionar a questão de forma violenta.
Lembre-se que o adulto desta relação é você! Assim, seja resiliente e acolha seu filho(a) nesta hora.
Segundo passo: não ceda a birra!
Crianças testam nossos limites o tempo todo. Isso porque elas estão em formação e as birras são, geralmente, um dos passos associados a esse teste.
Uma vez que você se dê por vencido pelo cansaço ou pela vergonha de viver um momento de birra em público, a criança acaba por vencer essa barreira.
As crianças precisam aprender que há momentos em que vão “ganhar a batalha”, podendo fazer algo que desejam, e também momentos em que não poderão.
Isso é saber esperar pela recompensa. Esse aprendizado é algo valioso para o resto da vida, especialmente para a vida adulta, que é aquele momento em que mais esperamos por recompensas motivadas pelos nossos esforços e nossa dedicação, não pelo cansaço.
Terceiro passo: dialogue e se comunique com a criança, o combinado nunca sai caro!
As regras e limites devem ser claros e acessíveis à criança. Ela precisa sentir que está ao seu alcance cumprir com os combinados. Sobretudo, porque esse cerceamento irá fazer com que ela possa compreender quais são os limites que ela tem para as suas ações, gerando menos frustração.
Isso não quer dizer que, no entanto, devamos proibir tudo, permitir tudo ou não solicitar nada. Isso quer dizer que a comunicação é justamente o que salvará na hora de lidar com as birras na infância do seu filho. Principalmente porque ele é, sim, capaz de compreender os acordos que deverão ser estabelecidos entre ele e você .
Ainda que demande muita paciência e muito tempo, vale muito a pena fazer esses contratos de confiança e, sobretudo, cumpri-los!
Quarto passo: seja firme!
Tente não demonstrar o quanto você está afetado pelo comportamento da sua filha ou do seu filho, respire fundo e, se estiver em algum lugar público, procure um local mais calmo onde a criança possa extravasar sua birra – sem que você ceda ao que ela quer.
Mantenha-se firme no que acredita ser o melhor para a criança naquele momento. Crianças sentem-se seguras quando os pais se mantêm coerentes e fazem aquilo que dizem, sobretudo porque é isso que esperam dos adultos.
É importante que você também fale de forma tranquila ao lidar com as birras, que fale que entende a frustração que ele está sentindo e que aquilo que não é possível agora, mas poderá ser em outro momento.
Não faça falsas promessas e nunca, nunca mesmo, minta ou barganhe com seu filho, porque isso representa uma quebra de confiança entre vocês.
Quinto passo: escute a criança, sem julgamentos!
Assim que estiver mais calmo, tente conversar com a criança, explicando o porquê do “não” que ela recebeu. Demonstre que você se importa com ela com atos de carinho. Ouça seu pequeno e fale sobre o que foi possível aprender com aquela situação.
E lembre-se de uma coisa: é possível aprender – e muito! – com o seu filho quando você o ouve de verdade.
Tente compreender também o que ele sentiu naquele momento, peça que ele lhe fale e ouça sem interrupções, sem julgamentos.
Assim, vocês estabelecem um caminho sem volta na hora de lidar com as birras do seu filho: a confiança plena!
Mas, atenção: nem tudo é birra!
Falamos anteriormente sobre as verdadeiras birras na infância. Mas há outra questão fundamental nesse tema: as reclamações verdadeiras que os pais podem acabar, erroneamente, pensando que são apenas birras!
As birras reais não têm motivo claro. Portanto, quando há motivo, estamos falando de conflitos, algo diferente das birras.
Isso significa que muitas vezes as crianças choram, ficam aborrecidas, implicantes e teimosas, porque os adultos cometeram erros, foram agressivos ou houve alguma injustiça com elas.
Como as crianças pequenas não sabem ainda se expressar com clareza e precisão, demonstrarão sua discordância, seus protestos, e acima de tudo as suas dores, com comportamentos negativos e, por isso, é importante ficar atento e alerta.
Quando se tratam de birras na infância, o choro cessa em segundos, na maioria das vezes nem aparecem lágrimas, e se na “hora H” surge alguma coisa interessante para ela, a criança rapidamente esquece que estava chorando e muda de um segundo para o outro seu comportamento. É mais uma espécie de encenação.
Um conflito real é completamente diferente. O choro é inconsolável, os olhos da criança demonstram dor e tristeza, prova de que há um conteúdo a ser trazido à tona, um problema a ser resolvido, uma dor que precisa ser tratada.
Nesses casos, algumas atitudes são essenciais para que a questão seja cuidada:
Analise o ambiente em que a criança está crescendo, desde casa até a escola. É importante que os locais sejam saudáveis para o seu pleno desenvolvimento. Conflitos entre os pais, gritos, nervos à flor da pele…tudo isso pode contaminar o ambiente infantil e levar a problemas internos e/ou externos da criança.
Revise as atitudes dos adultos que se relacionam com a criança, por exemplo, impaciência na forma de falar, cuidados físicos feitos apressadamente, gestos bruscos, são recebidos como violência pela criança e cobrarão seu preço mais tarde, na forma de comportamentos conflitivos.
Revise os espaços físicos da criança. Às vezes os espaços não oferecem os estímulos e desafios necessários para o saudável desenvolvimento infantil e a criança manifestará seu descontentamento também com comportamentos desagradáveis.
Ter uma escola parceira na educação dos nossos filhos é fundamental para que ele possa ir amadurecendo e se desenvolvendo.
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